EPIDEMIA DE DROGAS
Décio Mazeto
Merece elogios a iniciativa do Vereador Mariliense Dr. Wilson Damasceno, que está encabeçando um movimento destinado a sensibilizar as autoridades do Poder Executivo no sentido de dotar as cidades com clínicas especializadas em desintoxicação e acompanhamento de dependentes químicos, visando livrá-los do vício.
A disseminação das drogas na nossa sociedade afigura-se atualmente como uma autêntica e perigosa epidemia, que arrasta jovens e crianças, estas cada vez mais novas, para um futuro negro e sem qualquer perspectiva de realização pessoal.
Constata-se hoje uma terrível e preocupante realidade: Os processos criminais relativos a usuários de drogas ou de tráfico são maioria nos fóruns e tribunais. E quase todos os outros crimes contra o patrimônio, vêm a reboque da necessidade de alimentar o vício de seus autores. Assistimos com uma freqüência preocupante famílias infelicitadas por essa praga. Avós que lastimam, mães que choram e pais que se culpam e parentes que esbravejam. Esses sintomas deixam claro que o Poder Público deve tomar providências urgentes para criar mecanismos visando a recuperação desses infelizes para a sociedade, já que o tráfico é cada vez mais difícil de debelar. Caso contrário estaremos assistindo à criação de uma legião de zumbis, dependentes de entorpecente que desprezam os mais significativos valores morais para satisfazer o vício, atingindo o último e mais deplorável grau da escala humana.
Aliás, o crack, subproduto da cocaína, é, nos dias de hoje, a droga mais consumida pela sociedade em razão de seu preço ínfimo. Compra-se uma pedra por cinco reais. E o efeito de seu uso é devastador para o organismo.
Ao contrário de outros entorpecentes mais sofisticados e mais caros, o crack, tão logo aspirado, age diretamente no cérebro do usuário e, além de destruir uma parcela significativa de neurônios, cria, desde a primeira vez, invencível dependência física e psíquica. A vítima dessa droga, quando tomada da chamada “fissura”, desespero para satisfazer a necessidade orgânica do vício, lança mão de qualquer recurso para obtê-la. Furta objetos da própria casa e pertences pessoais dos familiares para negociar com entorpecente. Em sua quase totalidade, as mulheres e meninas recém saídas da puberdade se prostituem para garantir a compra e utilização da pedra maldita.
Temos assistido casos dolorosos de avós, pais e parentes que convivem com essa triste realidade sem alternativa para dar início a um processo de cura por via de clínicas especializadas.
Daí merecer aplausos a iniciativa do ilustre vereador, empenhado em arregimentar pessoas e entidades para o esforço comum de exigir das autoridades da saúde pública a implantação de clínicas ou locais de recuperação desses infelizes irmãos que perambulam pela vida, sem propósito, sem juízo, sem noção de valores, sem ambição e escravos da droga.
Antes que seja tarde.
Décio Divanir Mazeto é Juiz de Direito